Mudei para o Mac
O primeiro computador da minha família foi comprado em 1997. Ainda lembro das configurações: Pentium 200 MHz, 16 MB de memória, HD de 1,7 GB e placa de vídeo com 2 MB (não era placa 3D) e um drive de disquete. Na época não tinha nem kit multimídia. Para quem nunca ouviu falar nisso, um kit multimídia era composto de um par de caixas de som; uma placa de som; e um drive de CD-ROM. Além dos meus pais e irmãs, eu fiquei usando esse computador por uns dois anos. Até que em 1999 eu comprei um para mim de configurações bem melhores. Após comprar meu computador, fiz um curso de montagem e manutenção para que eu mesmo pudesse cuidar dele.
De lá pra cá, novos computadores foram montados e cada um deles recebeu diversos upgrades. Passei várias e várias horas montando e configurando cada um deles. Na época isso era um prazer para mim. Porém, com o passar dos anos, essa foi se tornando uma tarefa chata, tediosa, a qual eu gostaria de pular e passar logo para a parte de usar o computador. Muito recentemente, isso acabou se tornando um dentre vários motivos para migrar de PC para Mac.
Por que decidi migrar de PC para Mac?
Bem, uma coisa é certa, essa decisão não foi baseada apenas em um motivo. O tempo foi passando e minhas prioridades foram mudando. O foco, que sempre foi jogar, aos poucos passou a ser edição de fotos. O prazer que eu tinha em montar o computador, instalar Windows, instalar drivers etc., mudou para uma vontade de apenas tirar da caixa e começar a usar. Comprar a placa de vídeo mais potente possível deixou de ser prioridade para ter mais armazenamento e memória. Por que gastar tanto dinheiro com uma RTX 3070 se uma GTX 1080 Ti sobra no Lightroom? E se uma GTX 1080 Ti já serve, imagina então a GPU de um chip M2 Pro (mais sobre isso abaixo).
Fossem os motivos significantes ou não, eles já estavam se acumulando. Por exemplo, outro motivo para mudar, embora não tão importante, foi eu não ter encontrado um teclado com leitor de digital para usar no Windows. Há vários anos que era possível usar o Windows Hello, mas nunca tive a chance de fazer isso no desktop simplesmente porque jamais encontrei um teclado com leitor biométrico. Já do lado da Apple, eu sabia que poderia usar o Magic Keyboard com Touch ID no Mac Mini.
Um dos motivos que mais pesou na migração para o Mac, entretanto, foi o lançamento dos Chips M1 e M2. Essas belezinhas superavam quase todos processadores para notebook e brigavam até com algumas versões de processadores de desktop. Antes desses novos chips, eu não via vantagem em adquirir um computador Apple, pelo menos não em termos de desempenho, já que eles usavam os mesmos processadores Intel que estavam presentes nos computadores Windows. Mas agora a história é outra.
Depois de pensar bastante sobre cada um dos motivos que tinha para sair do Windows e embarcar no MacOS, eu dedidi que estava pronto para fazer a mudança. Foi quando surgiu uma boa oportunidade de adquirir um MacBook Air e um Mac Mini por um preço muito bom.
O Ecossistema
Outro motivo para migrar para a Apple foi o tal do "'ecossistema". Acreditem, isso existe mesmo e é muito conveniente. É incrível como tudo funciona tão bem. Não tenho um Apple Watch, nem os AirPods, mas soube que os fones de ouvido alternam perfeitamente entre Mac e iPhone; e o relógio pode ser usado para fazer login no Mac apenas se aproximando. Já a integração entre Mac e iPhone é algo que eu utilizo no dia a dia. Por exemplo, lá estou eu estou usando um navegador no iPhone. Daí decido abrir o MacBook ou o Mac Mini e pronto, lá está no dock o site que eu estava visitando, esperando apenas que eu clique.
A função de copiar e colar entre iPhone e MacBook, com sua área de transferência compartilhada, também é muito bacana. Autenticação de dois fatores é algo que eu uso muito. Então, quando estou no computador e tenho que digitar um código de um aplicativo autenticador para fazer login num site, basta eu copiar o código no iPhone e colar no computador.
E por falar nisso, com a atualização para o macOS Sequoia, autenticação de dois fatores ficou ainda mais fácil. O aplicativo Senhas, que veio com essa atualização, funciona como aplicativo autenticador (como o Google Authenticator e o Microsoft Authenticator). O resultado disso, é que sequer preciso usar o celular para copiar os códigos, bastando apenas usar o leitor de digitais para que o Senhas entre com o código. Sério, pessoal, é muita comodidade.
E tem mais algumas coisas muito bacanas que descobri com o tempo. Primeiro, um sistema que alerta se você esqueceu seu dispositivo Apple em algum lugar. Eu estava passando uns dias no interior. Num determinado dia, precisei sair de casa para fazer compras. De repente, pipoca no meu iPhone a mensagem de que meu MacBook Air tinha sido esquecido (e mostrava a localização no mapa). Na hora me assutei; nem li direito o aviso e pensei que ele poderia ter sido furtado. Mas depois me dei conta de que o iPhone estava "achando" que eu tinha ido embora pra valer e tinha esquecido meu MacBook Air na casa onde estava. Achei isso realmente fantástico. Não que algum dia tenha esquecido meu notebook num hotel, mas achei muito bom saber que se um dia acontecer, serei lembrado disso pelo iPhone.
Em segundo lugar, e muito menos importante (mas ainda assim muito conveniente), achei espetacular que, ao chegar na minha casa de praia, aonde jamais havia levado meu MacBook Air, ele se conectou sozinho à rede Wi-Fi. Imagino que o iPhone, que herdou as senhas do Android que eu tinha, tenha compartilhado a informação com o macOS, e o MacBook, que estava fechado, em stand by, dentro de uma mala, usou a senha que tinha e já saiu se conectando na rede. Sério, essa é a primeira vez que venho aqui com essa máquina; por isso não vejo de que outra forma ela poderia já sair fazendo a conexão à rede. Ultimamente, minha reação tem sido um sorriso bobo no rosto e um "Uau!". Podem ter certeza que esse negócio de "ecossistema" é algo que realmente faz diferença.
E como tem sido a experiência?
Como vocês puderam ver nas minhas impressões sobre o ecossistema, a experiência tem sido bastante agradável e recompensadora. Entretanto, eu tinha algunas reservas no começo. Meu maior medo era a diferença entre os sistemas operacionais. Claro, existiam pequenos obstáculos a serem vencidos, como algumas teclas diferentes no teclado; e os programas que já estava acostumado a usar, mas o pior para mim eram as diferenças entre os sistemas operacionais. Mais especificamente, a forma como cada um executa tarefas banais do dia a dia, como selecionar uma sequência de arquivos; copiar e colar arquivos; maximizar janelas e etc.
Durante muito tempo eu lia e assistia a vídeos sobre usuários de Windows que experimentaram o macOS, que tentaram de verdade usá-lo, mas não se adaptaram. Alguns desses usuários acabaram ficando com o Windows mesmo. Seja porque não se adaptaram, ou porque simplesmente não tinham vontade nenhuma de mudar e fizeram isso apenas por cliques e visualizações de seus vídeos. Teve um cara no YouTube que tentou pra valer, tendo reclamado bastante no início, mas depois acabou se adaptando e se tornando o outro extremo, passando a menosprezar o Windows. Eu não tenho esse tipo de comportamento. Para mim, computadores, smartphones, carros etc. são todos ferramentas. Eu costumo comprar aquele que melhor me serve, independente da marca.
Comigo a transição tem sido muito suave, não apresentando nenhum problema ou inconveniente. Eu tenho aprendido cada uma das particularidades do sistema à medida que elas vão se apresentando, sem grandes complicações. De vez em quando estou descobrindo uma nova funcionalidade do sistema, o que é até divertido. Por exemplo, achei super útil essa função que reconhece uma data a partir de um texto na tela e, com um clique direito, lhe dá algumas opções do que fazer com aquele texto reconhecido como data, inclusive marcar no calendário como um compromisso ou lembrete. Se eu já não tivesse criado o evento no calendário para minha consulta médica, eu poderia ter criado apenas pela data na conversa com o consultório pelo WhatsApp.
No que se refere aos programas que eu usava no Windows, os mais importantes também estão disponíveis no macOS. Aliás, se não estivessem disponíveis eu não teria migrado. Então, programas como Adobe Lightroom, Office 365, GoodSync (para backups de fotos), WhatsApp e Google Chrome estão todos aqui funcionando perfeitamente. Outros, como baixadores de vídeos, leitor de PDF, alguns conversores de vídeo etc., acabaram ficando de fora dessa transição, não possuindo uma versão para macOS. Entretanto, esses são programas que considero menos importantes, não fazendo falta para meu dia a dia até o presente momento.
O que eu gostei no macOS
Estou usando o macOS há apenas dois meses. Por isso, ainda existe muito o que aprender e descobrir. Entretanto, acho que posso apontar algumas coisas que tenho gostado muito:
Uma das coisas que eu mais gosto no sistema é a capacidade de visualizar documentos e imagens sem precisar abrir um programa específico, bastando apenas usar a barra de espaço no teclado.
Tecla 🌐fn para inserção de emojis. O legal aqui não são as carinhas e bichinhos, mas sim a possibilidade de inserir facilmente em um texto vários tipos de caracteres especiais.
Os gestos no trackpad e no Magic Mouse também fazem muita diferença. Tenho usado muito a navegação pelas páginas de sites. Se quero voltar uma página, por exemplo, não preciso ir lá em cima clicar no botão "voltar"; basta arrastar da esquerda para a direita com dois dedos.
Ferramenta de captura de tela. Apesar de não haver uma forma simples de capturar a tela, como no Windows com a tecla Print Screen, a ferramenta de captura no macOS, que também é acessível por um atalho de teclado, é bem completa. Ela inclui até a possibilidade de fazer vídeos da sua área de trabalho. Mas se você deseja apenas fazer uma captura de tela, existem três opções: 1) capturar janela inteira; 2) capturar janela selecionada; e 3) capturar parte selecionada.
Espelhamento do iPhone na área de trabalho do Mac. Novidade trazida com o lançamento do macOS Sequoia 15.0 e iOS 18.
O que não gostei tanto assim
Existem algumas poucas coisas, entretanto, que não tenho curtido muito.
Um delas é essa incapacidade de selecionar arquivos contíguos usando a tecla shift quando a pasta está exibindo esses arquivos como ícones. Sério, talvez haja alguma boa razão que eu desconheça, mas do meu ponto de vista, parece mais algo que esqueceram de fazer.
A outra coisa que, apesar de ser facilmente contornável, mas que me chateia um pouco, é a necessidade de usar Command+Q para fechar os programas de verdade. Sim, porque se você apenas clicar no X da bolinha vermelha, a janela se fecha, mas o programa continua rodando.
Fora esses pequenos inconvenientes, tenho adorado usar o macOS, me sentindo praticamente em casa.
Qual Mac eu adquiri?
Antes de dizer quais Macs eu comprei, deixa eu falar sobre os computadores que eles substituíram. Meu plano era substituir duas máquinas, o desktop e o notebook. Afinal, cada um delas serve a um propósito diferente. O meu desktop sempre foi o computador principal, sendo o mais potente dos dois e onde ficam armazenados todos os meus arquivos. Já o meu notebook sempre foi uma máquina secundária, cuja utilização costuma ser eventual, como quando eu o levo em viagens ou quando estou com ele no quarto, por exemplo. Eu jamais gostei de usar um notebook como substituto de um desktop, ligado a um monitor e com vários HDs pendurados nas portas USB.
O Desktop
Processador: Intel Core i5-10400 2,9 GHz (Turbo 4,3 GHz);
Memória: 32 GB DDR4 2666 MHz (dual channel);
Armazenamento: SSD PCI-E NVMe 512 GB e HDD 2 TB 7.200 rpm;
Placa de vídeo: NVIDIA GeForce GTX 1080 Ti 11 GB
Esse computador foi montado em 2020 tendo como objetivo trabalhar e jogar. Daí o motivo para ter uma GTX 1080 Ti na configuração. Como eu praticamente não jogo mais, a ideia de ter uma máquina pequena, discreta e ainda assim muito potente para trabalhar ganhou força. Mas que máquina compacta e potente eu poderia comprar? Existiam diversas opções de computadores Windows assim, mas a verdade é que eu já estava decidido a migrar para o Mac.
O escolhido para substituir o desktop foi o Mac Mini com chip M2 Pro (10-core CPU / 16-core GPU), 16 GB de memória unificada e 512 GB de SSD. Mas e todos os arquivos que estavam no desktop? Copiei todas as fotos, vídeos e demais arquivos para um SSD externo de 2 TB que é suficientemente rápido para trabalhar com o Lightroom. Se você olhar bem na foto abaixo, vai poder vê-lo conectado atrás do Mac Mini, utilizando uma das quatro portas Thunderbolt 4.
Para completar o conjunto, comprei também um Magic Keyboard com touch ID e um Magic Mouse. Durante muito tempo eu procurei um teclado com leitor de digitais, para usar o Windows Hello, mas não consegui encontrar de jeito nenhum. Agora, finalmente, posso usar o leitor de digitais para fazer login, fazer compras etc. E o teclado em si é muito gostoso de digitar e super bem construído. Só ficou faltando uma retroiluminação. Já o Magic Mouse eu comprei para poder usar os gestos. Além disso, ele é bem preciso e possui uma duração de bateria espetacular. O único problema com ele é a ergonomia horrível, não sendo, por isso, recomendado para longas horas de trabalho.
Vocês podem estar pensando que uma máquina com 16 GB de memória a menos e sem uma GPU como a GTX 1080 Ti (que possui 11 GB de memória só para ela) iria atrapalhar o trabalho com o Lightroom. Mas o fato é que não, até agora não senti falta de ter 32 GB de memória. E quanto a placa de vídeo, acreditem, a que está integrada ao chip M2 Pro é até melhor. Então, no fim das contas, esse foi realmente um upgrade e não apenas uma mera troca.
O Notebook
Processador: Intel Core i7-8565U 1,8 GHz (Turbo 4,6 GHz);
Memória: 16 GB DDR4 2400 MHz (dual channel);
Armazenamento: SSD SATA 128 GB e HDD 1 TB 5.400 rpm;
Placa de vídeo: Intel UHD 620 (onboard) e NVIDIA GeForce MX 150 2 GB
O que eu posso dizer sobre o notebook? Desde que o comprei, até hoje, ele é capaz de atender muito bem a todas as minhas necessidades, com exceção de uma: duração de bateria. Com o passar do tempo, sua bateria começou a durar menos e menos, o que é natural. Como eu precisava de uma maior duração de bateria, e como eu já estava mesmo num processo de migração, decidi fazer o upgrade. E o MacBook Air era o candidato perfeito para substituir meu antigo Dell.
O modelo que eu pude comprar foi o básico de 2020 com chip M1 (8-core CPU / 7-core GPU), 8 GB de memória unificada e 256 GB de SSD. Parece ser fraquinho, né? Mas esse "fraquinho" aí foi melhor que meu antigo desktop em 2 de 3 testes que eu realizei no Lightroom Classic.
Mas e 8 GB de memória não é muito pouco? Eu acho que depende. Se eu fosse executar tarefas mais pesadas ou usar vários programas ao mesmo tempo, com certeza eu precisaria de, pelo menos, 16 GB de memória. Entretanto, esse não é o caso para mim. Quando eu uso o Lightroom Classic, o máximo que eu deixo aberto, além dele, é uma janela do Safari com umas 3 abas. Então, para mim, 8 GB acabam sendo o suficiente.
Como disse mais acima, o uso que dou ao MacBook Air no dia a dia é mais leve (textos, e-mail, streaming, etc.), com eventual edição de fotos. E para isso, ele tem potência de sobra. A duração da sua bateria é simplesmente fenomenal, superando de longe a bateria do Dell. O desempenho, então, nem se compara. Sério, não dá pra comparar mesmo. A exportação de um lote de fotos no Lightroom Classic, que no Dell demorou 16min26s para terminar, no MacBook Air levou apenas 3min45s. E olha que o MacBook nem precisa ficar ligado na tomada para isso. Sim, porque o Dell precisa ficar ligado na tomada para ter o melhor desempenho. Já o MacBook Air não perde desempenho ao funcionar apenas na bateria.
Valeu a pena?
Não consigo enfatizar o bastante o quão suave tem sido essa transição. Foi como se eu já estivesse pronto há muito tempo. De certa forma eu acho que me preparei, assistindo a vídeos de como realizar ações no macOS que equivalem a ações no Windows. Saber com antecedência que usar Shift para selecionar arquivos contíguos não funciona na visualização de ícones evitou estresse, assim como saber que para deletar é preciso segurar command e pressionar delete, por exemplo. Procurar entrar na mentalidade macOS antes mesmo de comprar o computador ajuda muito.
Com relação ao hardware, houve um upgrade absurdo, principalmente no que diz respeito ao notebook. E o upgrade não se refere apenas ao desempenho. A bateria, a tela e o som do MacBook Air estão muito à frente do que eu tinha no Dell. Já o Mac Mini, com seu design minimalista e compacto, deixou minha mesa de trabalho muito mais elegante organizada.
Se valeu a pena? Valeu a pena demais!
Comments